quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O meu maior medo

Envelhecer. Sim, tenho pavor de envelhecer, e não se trata de temer a flacidez, as rugas, os cabelos brancos ou demais mudanças físicas. Trata-se da perda de autonomia, da possibilidade de a solidão ser a minha única companheira, de ficar a assistir a partida de todos. E isto eu não serei capaz de enfrentar. É claro que também há a possibilidade de vir a ser uma idosa feliz, lúcida e com familiares e amigos à volta, mas apenas consigo prever para mim o primeiro cenário.
Eu sei (porque acompanhei de perto os últimos seis anos de vida da minha avó) o quão horrível e doloroso  pode ser o processo de envelhecimento. Ser-se alguém activo e cheio de energia e aos poucos tornar-se outra pessoa. Não ser capaz de caminhar por sua própria conta, de gozar de todas as faculdades mentais, de depender de terceiros para tudo, tudo mesmo. Há muitos momentos de tristeza, de aflição, de dores, de sentimentos de impotência e desespero. De certo modo, acho que envelhecer é uma coisa um pouco cruel. De que vale termos a oportunidade de vivermos durante mais anos se ficamos a definhar numa cama? De sentir que somos um fardo para os outros? De sermos atirados para uma "casa de repouso"? De sermos abandonados pelos filhos, sobrinhos ou netos? De que o nosso corpo possa vir a ser encontrado, na cozinha, 9 anos depois da nossa morte e praticamente ninguém dar por isso? E isto deixa-me aterrada. Porque quando ouso expressar estes receios a qualquer pessoa, a primeira reacção é de riso (como se eu estivesse a dizer alguma anedota), mas isto é algo que realmente me inquieta. 

1 comentário:

AC disse...

Acho que as pessoas se riem porque na realidade têm medo de pensar nisso. Julgamos que somos invencíveis enquanto jovens mas a verdade é que todos temos medo deste cenário. Eu tenho, e muito!
:)*