quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Enquanto escrevo estas palavras faço um esforço herculano para que as lágrimas não transbordem dos meus olhos.
Durante todo o secundário ouvi histórias, de pessoas mais velhas ou de colegas que tinham irmãos maiores, que os anos de faculdade seriam os melhores das nossas vidas. E o que exponho aqui é a a relatividade destas palavras: "os melhores anos das nossas vidas"...
É certo que a minha experiência não é muito longa pois ainda agora vou iniciar o 2º ano da licenciatura, e até agora tive bons momentos, fiz bons amigos, aprendi muita coisa (não apenas relacionada com o curso) e cresci enquanto pessoa. Tinha uma boa média e entrei naquilo que queria e numa cidade maravilhosa com uma fenomenal tradição académica.
Quem estiver a acompanhar a leitura minimamente atento estará agora com uma cara de wtf? e a perguntar-se de que me queixo se apenas menciono coisas boas. Mas o que falta referir é aquilo que está por detrás destes aspectos... Já muito antes de ter concluído o 12º ano tive sérios problemas em optar pelo ensino superior, tive de "lutar" junto dos meus pais para os convencer de que esta seria uma boa opção apesar das dificuldades financeiras, até recrutei professores para me ajudarem nesta tarefa.. Por fim, insisti arduamente até que vi o meu sonho ser concretizado: dentro de poucos meses atravessei o Atlântico rumo a Coimbra.
Durante o ano anterior, felizmente, tive bons apoios por parte da universidade, mas agora, na véspera de voltar, vejo o meu céu ficar sem nenhuma estrela para me iluminar. Há algum tempo que acompanho as notícias sobre os cortes que serão efectuados nas despesas com a educação, mas, na verdade, nunca tomei consciência do quanto isto me poderia afectar. Acabo de receber a notícia de que a minha amiga J., anulou a matrícula no mesmo dia em que se inscreveu na faculdade, porque os apoios que lhe seriam dados não chegariam para cobrir todos os gastos. E e aqui estou eu, com o coração apertado e com dores fulminantes, sem saber como poderei continuar...
Sei que há problemas muito mais graves, sei que há pessoas a atravessar por autênticas desgraças e que o meu "problema" é pequenino se for comparado. Mas este é meu e está a doer. E não querendo invejar ou criticar o estilo de vida ninguém, custa-me olhar para os outros, colegas inclusive, que se estão nas tintas para as aulas e livres de qualquer pensamento que perturbe a sua paz de espírito porque os pais estarão lá para gastar centenas de euros mensalmente (suspiro).
E por hoje é só isto, não posso pensar mais...

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