quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Ainda sobre o Natal

Como já se deve ter tornado claro, não gosto do Natal. E isto deve-se, sobretudo, ao cinismo que actualmente está por detrás desta época festiva em vários aspectos.
Em primeiro lugar, é sabido que é no Natal que se promovem n campanhas de solidariedade para com os idosos, as crianças, os pobres, mendigos, os doentes and so on. E o resto do ano? Será que nos restantes 11 meses as pessoas não passam fome, frio, adoecem ou morrem por não terem meios suficientes para garantir a sua subsistência?! É nestas coisas que penso quando me deparo com todo este aparato de 'benevolência' sazonal. Não que eu seja contra este tipo de iniciativas, muito pelo contrário, mas não é justo que os desfavorecidos sejam lembrados apenas em Dezembro.
Em segundo lugar, não posso deixar de ficar incomodada com o impulso consumista que toma conta das pessoas durante esta altura. Bem sei que há toda aquela história do Pai Natal, mas aquilo que está mesmo por detrás do Natal não é o nascimento de Jesus Cristo? Eu nem sou uma pessoa devota de religião, mas fico confusa ao associar-se esta quadra ao acto de dar e receber presentes. Numa altura em que o Orçamento de Estado e a crise são assuntos do dia em Portugal, não fico indiferente ao ver notícias como 'Portugueses movimentam x milhões em transacções bancárias durante o Natal' ou 'Portugueses gastam acima do previsto'. É só de mim ou há aqui alguma incongruência no comportamento de certos indivíduos?
Em terceiro lugar, é no Natal e, por conseguinte, nas vésperas da passagem de ano que todos se lembram de fazer um balanço das suas vidas e fazer inúmeras promessas e elaborar planos e expectativas para o ano que se aproxima. Mais uma vez, é só de mim ou isto, de facto, não faz muito sentido? Porque é que somente nesta altura todos se sentem impelidos a fazerem infindáveis listas de resoluções com coisas que nunca irão cumprir? É que esta que daqui vos escreve é capaz de ter vontade de mudar a sua vida a qualquer altura do ano e não faz projecções apenas por se tratar de um dia simbólico.
Não espero que repentinamente todo o mundo partilhe das minhas opiniões, mas também ninguém espere da minha parte uma súbita mudança de comportamento resultante do 'espírito natalício'.

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